quinta-feira, 13 de agosto de 2009

LIXO NAS VIAS PÚBLICAS

Sujeira
Lixo nas ruas se transformou em paisagem na capital baiana. O hábito de jogar resíduos sólidos em via pública é apontado por especialistas como um dos fatores que contribuem para agravar problemas como a drenagem precária e entupimento dos canais de escoamento. Além disso, lixeiras mal projetadas e montanhas de sacos plásticos estão por toda a cidade, mesmo em bairros considerados nobres, como a Pituba.Para a pesquisadora Rita de Cássia Rego, do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, a questão está diretamente ligada à educação da população. Rita coordenou em 2002 uma pesquisa sobre a percepção das mulheres moradoras da periferia de Salvador quanto à relação do lixo com a transmissão de doenças e como origem de outros transtornos para a população. O estudo apontou que não há uma consciência das pessoas quanto a sua contribuição para a solução do caso. A pesquisa indica que é comum as pessoas afirmarem estar cumprindo suas obrigações quanto a esse aspecto e apontar "os outros" como responsáveis por colocar lixo em local inadequado. Normalmente atribuem o problema à falta de educação da população de uma forma geral."As pessoas sempre colocam a culpa nos vizinhos e evitam julgar suas próprias atitudes", afirma. Para reverter o quadro, o estudo propõe uma discussão sobre o que realmente é considerado lixo e o que pode ser reaproveitado ou reciclado. Além disso, são necessárias campanhas informativas sobre os riscos trazidos pelo descarte inadequado dos resíduos domésticos.A sugestão da pesquisadora é o investimento em processos de coleta seletiva que priorizem o aspecto ambiental da reciclagem de materiais. De acordo com informações da Limpurb, atualmente esse tipo de coleta é feito em menos de 30% do total do lixo recolhido na capital.Pobreza e exclusãoDe acordo com dados do IBGE, Salvador tem um PIB per capta menor do que a média nacional. Os dados mais recentes, de 2004, mostram a cidade com uma renda anual de R$5.400, contra R$9.700 na média de todos os municípios do país. O PIB per capta é a divisão de toda a riqueza produzida numa região pela população local. Mesmo considerando somente as capitais nordestinas, Salvador fica atrás de Recife (R$9.600) e Fortaleza (R$ 6.800). O problema é agravado pela alta concentração de renda. Urbanisticamente, a má distribuição é visível no mapa de Salvador. A região da orla marítima concentra a maior parte da riqueza. De acordo com dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), somente o bairro da Pituba responde por 30% de toda a riqueza da cidade, apesar de ter uma população de somente 200 mil pessoas, o que corresponde a 7,5% do total de moradores do município. Ao mesmo tempo, a população desfavorecida mora no centro do território de Salvador, conhecido como miolo.A SEI indica, por exemplo, que a região de Cajazeiras, onde moram cerca de 300 mil pessoas (11% da população), fica com somente 2,8% da riqueza da cidade. Os números da Superintendência são de 2003 e incluem uma projeção para 2013. No cenário desenhado pelas estatísticas, a concentração de renda tende a se agravar. Segundo o estudo, daqui a seis anos, a Pituba concentrará 35% da riqueza de Salvador, enquanto Cajazeiras ficará com somente 2,1% desse montante. Para Armando Branco, são dados como este que mostram a necessidade de se priorizar investimentos nas regiões carentes da cidade. "Tudo o que o poder público faz para essas localidades é muito pouco diante das necessidades dessa população", afirma. Para ele, é necessário um planejamento de curto prazo para minimizar o efeito das diferenças. "O problema é que não vemos nenhuma ação nesse sentido. Ninguém tem o planejamento da cidade para daqui a cinco ou dez anos. E o que vemos é que os problemas vão se agravando", lamenta.

Por: Raissa Lessa

Nenhum comentário:

Postar um comentário